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SOMOS TODOS BRUXAS
Saudações,
A semana que entra nos traz o Halloween (31 de outubro), celebração oriunda da antiga cultura celta (Samhain) formadora da nação irlandesa. Termo que é contração da expressão arcaica irlandesa All Hallows Eve, querendo dizer Dia de Todos os Santos (1 de novembro), que por sua vez é o nome da data celebrada pela igreja católica a partir do estabelecido nos idos dos anos 600 pelo papa Bonifácio, e que precede a data que seria estabelecida 300 anos depois nos conventos beneditinos como o Dia dos Mortos (2 de novembro).
O fato é que a data foi eternizada como o Dia das Bruxas, relembrando as singelas e enigmáticas bruxas do passado, mulheres demonizadas pela Igreja medieval, que povoam com seu carisma o imaginário popular.
Milhares foram queimadas em fogueiras pelo simples fato de buscarem formas alternativas de se relacionarem com as coisas divinas, curarem males com suas ervas e instrumentos, bem como assistir partos, visto que no próprio Maleus Maleficarum, o manual de identificação e caça às bruxas criado pela Inquisição medieval, afirmava-se que as parteiras prejudicavam e muito a Igreja. Para os inquisidores eram tidas como hereges, pois utilizavam de práticas que segundo a Igreja, rejeitavam o poder de Deus tentando, segundo eles, dominar a realidade terrena.
Um poder que não poderia ser exercido por seres humanos, ainda mais mulheres, em um tempo que como disse saudosa Rose Marie Muraro, em sua introdução histórica à edição brasileira do Maleus Maleficarum publicado pela editora Rosa dos Tempos, em 1990: “a caça às bruxas foi uma imensa batalha contra as últimas formas do matriarcado e seu poder biológico”.
As perseguições às ditas bruxas começaram a diminuir no início do século XIX sendo decretado o fim da Inquisição por volta de 1820 em Portugal e 1830 na Espanha.
Mas as antigas práticas alternativas continuaram, pois em nada ferem ou desrespeitam as leis de nenhum Deus, tão somente, são formas de interagir com este, de forma livre de dogmas e regras das ditas religiões institucionalizadas.
E seguimos nós acendendo nossos incensos, fazendo nossos chás, tomando banhos de descarrego, energizando nossos cristais, canalizando energias de cura, entoando orações diversas, equilibrando entre os quatro elementos e carregando nossos patuás pois no fundo, somos todos bruxas, , isto pois, a chamada Bruxaria mexe com o que há de mais primitivo no espírito humano, que é a linguagem mágica. “O mundo da Magia onde não existem fronteiras tão rígidas como as construídas pelas sociedades racionais,” repetindo frase de mestre Carl Gustav Jung.
Só para registro e por conta da data.
Fecha o pano.