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A PALAVRA E SEUS MÚLTIPLOS PODERES

A PALAVRA E SEUS MÚLTIPLOS PODERES

Saudações,

Platão, filósofo que viveu na Grécia entre os anos de 427 e 347 a.C, disse que a linguagem é um pharmakon. O termo grego pharmakon, que originou a palavra pharmáco, daí a nossa palavra pharmácia, possui três sentidos principais. São eles: remédio, veneno e cosmético.
Platão considerava que a linguagem poderia ser um remédio para o conhecimento. Isto por que? Porque é pelo diálogo que trocamos idéias, ouvimos opiniões, descobrimos e aprendemos coisas novas com os outros. É através da comunicação entre semelhantes que podemos ver o quanto ignoramos coisas e assim, ampliar nossos conhecimentos. A linguagem possibilita a comunicação e o diálogo, logo, remedia nossa ignorância. Talvez tenha sido por isto que este filósofo, cujos
pensamentos influenciam até hoje diversas áreas do conhecimento, escreveu sua obra em diálogos.
Disse também ser a linguagem um veneno. Por que veneno? Lembremos agora do discípulo de Platão, Aristóteles, que viveu na Grécia entre o ano de 384 e 322 a.C. Aristóteles disse que os animais possuem voz (phone) e com ela exprimem dor e prazer, mas o homem possui a palavra (logos) e, com ela, expressa o bem e o mal, o justo e o injusto.
Vemos que ao utilizar-se da palavra, o homem pode tanto expressar o bem quanto o mal, o justo e o injusto, e principalmente, criar verdades. As palavras seduzem quando ditas de forma segura à quem ignora o assunto que está sendo tratado. Aqui voltamos a Platão e vemos porque a linguagem, a expressão da palavra, pode ser um veneno. Um veneno que seduz e nos faz aceitar fascinados, o que vimos ou lemos, sem mesmo indagar se tais palavras são verdadeiras ou falsas. Aqui está uma forma inadequada de utilização da palavra.
Hoje em dia, vemos em vários setores da sociedade, a palavra sendo utilizada como uma linguagem venenosa, pois envolve a quem a ouve, fazendo-o acreditar e seguir, ceder, aceitar, se colocar a disposição de quem as expressa. A classe dos eleitores que o digam...
Seguindo nesta mesma linha de raciocínio, podemos também nos defender deste veneno, quando indagamos, pedimos provas, duvidamos do que ouvimos. Neste caso, aquele que utiliza da palavra como forma de linguagem sedutora, inicia então um novo discurso, utilizando a palavra no outro sentido dado por Platão; o sentido de cosmético, maquiagem, máscara... Espertamente se esquivando, tentando manter uma mentira maquiada, uma ilusão mascarada de verdade.
A palavra como vimos, tem o poder de esclarecer assim como de enganar. De revelar assim como esconder. 
Temos de ter sempre em mente que a palavra tem o poder tanto de construir como de destruir, de revelar e esconder, de expressar o bem e o mal. Todos nós temos a capacidade da fala, utilizá-la da melhor maneira para benefício de si mesmo e do outro, cabe a cada um optar...
Lembrando de Caetano e modificando um pouco seus versos: a palavra também tem o poder de construir e destruir coisas belas.
Só para registro e reflexão.

Paz e Luz